quinta-feira, 2 de dezembro de 2010


A Universidade Federal do Maranhão (UFMA), representada pelo Reitor Natalino Salgado e o Diretor do Centro de Ciências Agrária e Ambientais (CCAA)- Chapadinha- Jocélio Araújo Santos, receberam no início desta semana, das mãos do Presidente Lula e do ministro da Educação Fernando Haddad, a placa de inauguração do Campus de Chapadinha. Também esteve presente no evento, o deputado federal Gastão Vieira, um dos incentivadores do projeto inicial do Campus. A solenidade, realizada no Palácio do Planalto, na manhã da última segunda-feira, 29, marcou a conquista da meta prevista pelo plano de expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, e o avanço do Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (Reuni).

Para o Reitor Natalino Salgado, essa é a oportunidade de criar a descentralização do ensino superior de qualidade, com o desenvolvimento de novos campi, além de mais de 30 escolas federais, dando, assim, às regiões, antes pouco atendidas, a chance de recuperarem o tempo perdido. “Através dessas iniciativas de ampliar a educação por todo o Maranhão, as pessoas terão mais oportunidade não só de aprender e de se especializar, como também de se inserir no mercado de trabalho através da sua profissão. Dessa forma, novos empregos serão gerados e a educação não será oportunidade apenas de poucos e sim de todos”, ressaltou o Reitor.

O evento marcou a expansão da rede federal de educação profissional do governo Lula, no qual foram criadas 214 novas escolas, de 2005 até hoje. Com o Reuni, 126 novos campi e unidades universitárias foram criados, passando dos 148 existentes até 2002 para 274 que já entraram em funcionamento até este ano. Hoje, as universidades federais estão presentes em 230 municípios nas 26 unidades federativas e no Distrito Federal.

O presidente Lula afirmou que educação não pode ser tratada como ‘gasto’, mas sim como investimento. Em seu discurso, ele foi enfático e criticou governos passados que trataram a educação como um gasto e reduziram os investimentos no setor, deixando milhões de jovens sem oportunidade de estudar. “Sem investimentos na educação, o que a gente criou durante 20 anos neste País? Um exército de jovens que não tiveram oportunidade. Muitos deles, com 25 anos, estão sendo presos hoje em qualquer lugar deste País, porque nos anos 80, ou 90, não tiveram educação e consequente oportunidade de trabalhar. Até os programas como o ProJovem, que são programas de quatro, cinco, seis meses, e tem uma enorme quantidade de pessoas que se inscrevem. Eles têm fome de recuperar e de ter uma oportunidade. E nós estamos apenas começando”, lembrou Lula.

Segundo Lula, o milagre brasileiro na educação foi ouvir as pessoas que sempre trabalharam no setor e colocar em prática uma síntese da discussão, “aonde ninguém ganhava, ninguém perdia, todos ganhavam -- sobretudo a sociedade brasileira”.

Durante a solenidade, um dos homenageados da UFMA que vivenciou com emoção esse marco, junto ao Reitor Natalino Salgado, foi o professor Jocélio Santos, Diretor do Campus de Chapadinha, que recebeu a placa oficial de inauguração do Campus. Ele, que é um dos incentivadores da expansão da educação e da acessibilidade à educação superior, disse se sentir grato ao Reitor Natalino pelo empenho, e ao presidente Lula pelo inventivo e, principalmente, ao corpo docente do campus que dirige. Entre as melhorias no Campus de Chapadinha, Jocélio destaca o investimento na formação dos docentes que compõem o quadro fixo de 52 professores, entre mestres e doutores, dos quais mais de 48% são mestres e 52% doutores.

O conjunto de melhorias na estrutura física do Campus de Chapadinha consta na construção de salas de aula, bibliotecas e laboratórios. A Universidade aplicou 3,1 milhões na construção de um prédio de três pavimentos, onde funcionará uma fábrica de rações e um centro de estudos biológicos, que serão referência para toda a região em termos de estrutura de pesquisa e ensino.

Além do avanço em pós-graduações para o corpo docente, e de infraestrutura para o processo de aprendizagem, a atual administração investe em urbanização da infraestrutura de um antigo prédio, que antes se encontrava em completo abandono. O projeto de revitalização, coordenado pelo reitor Natalino Salgado, está em andamento com a construção de galpões de máquinas, fábricas de ração, e de estufas de semente. Também já está sendo edificado um ginásio poliesportivo, que terá campo de futebol e pista de atletismo. Paralelo a essas construções, estão sendo realizados serviços de drenagem, eletrificação e o de implantação de caixas d’ água para atendimento da comunidade acadêmica.

O resultado de todo o investimento realizado no campus refletiu na grande procura de alunos pelos cursos da UFMA, na região. No último Sistema de Seleção Unificado (SiSU) todas as vagas destinadas ao Centro de Ciências Agrárias e Ambientais de Chapadinha foram ocupadas. Ao todo foram preenchidas 120 vagas, distribuídas entre os cursos de Agronomia, Zootecnia e Ciências Biológicas.

Para Jocélio Araújo, o preenchimento das vagas ofertadas em Chapadinha comprova o sucesso do sistema de seleção implantado pelo MEC e a adoção do Enem pela UFMA. “O Enem possibilitou a democratização do acesso ao ensino superior, permitindo que estudantes de outras cidades do Maranhão, e até de outros estados, fizessem as provas sem ter que onerar o processo com deslocamento alimentação e hospedagem”, enfatizou Araújo.

Do Campus Chapadinha

O município de Chapadinha (61.322 habitantes) está em um polo da Microrregião que compreende ainda os municípios de Anapurus, Belágua, Brejo, Buriti, Mata Roma, Milagres do Maranhão, São Benedito do Rio Preto e Urbano Santos. Hoje, esse município encontra-se ligado à capital do Estado, por estrada asfaltada federal (que atravessa toda a região) que chega ao Piauí. A partir da década de 1970, a cidade-sede experimenta intenso crescimento, no entanto, apresenta a olhos nus carências elementares que entravam e desarticulam as suas possibilidades de efetivo desenvolvimento. Diante das novas demandas de educação superior, ciência e tecnologias pela população e forças políticas da Microrregião, nas quais se renovam antigas reivindicações de curso na área de conhecimento agrário, a UFMA inseriu-se no Programa de Expansão da Educação Superior do Ministério de Educação, propondo a criação da Unidade Acadêmica Centro de Ciências Agrárias e Ambientais. Nessa perspectiva, a Universidade, consciente do seu papel histórico nos contextos regional e local e do papel estratégico das universidades públicas no projeto de desenvolvimento nacional, coloca-se como parceira do MEC no processo de expansão dos serviços educativos e científicos.

Apesar de inserir-se no contexto maranhense, no qual predomina uma economia essencialmente agropecuária e onde existe potencialidade de recursos naturais, a UFMA ainda não desenvolvia cursos relacionados a esses campos de saberes, embora se registrem esforços tímidos de produção científica e tecnológica no seu compromisso institucional com o desenvolvimento sustentável e a qualidade ambiental.

Anteriormente, apesar da vocação regional, a Universidade Federal do Maranhão possuía uma estrutura restrita a apenas quatro campos do saber: Centro de Ciências Humanas, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas. Desde 1978, o planejamento do processo de Interiorização da UFMA já elegia Chapadinha como prioridade, tendo em vista o zoneamento geográfico, a necessidade de desenvolvimento social e de melhoria da qualidade de vida da população, tornando-se um polo relevante para a prática universitária.

Reivindicações Sociais

No caso específico do Campus IV de Chapadinha, criado pela Resolução nº 08/81, do Conselho Universitário, as primeiras reivindicações sociais de curso superior dirigiam-se para o curso de agronomia, integrante da área de conhecimento agrária e ambiental, não sendo possível, naquele momento histórico, atendimento dessa demanda regional, por requerer grandes investimentos de políticas públicas. Em resposta, a UFMA implantou uma turma do curso de Licenciatura Curta em Estudos Sociais, integrada ao Programa de Formação Especial de Professores. Essa experiência teve um caráter inovador por permitir que pessoas da comunidade pudessem cursar disciplinas da graduação, preenchendo vagas disponíveis e recebendo certificação de extensão universitária. Atualmente, o Campus de Chapadinha mantém o Centro de Ciências Agrárias e Ambientais com os cursos de Ciências Biológicas, Agronomia e Zootecnia, contando com 52 professores entre mestres e doutores.

Expansão da rede federal

De 1909 a 2002 foram criadas 140 escolas técnicas federais. Hoje, já são 342. Foi registrado um aumento de 148% no número de matrículas de toda a rede federal, de 2003 a 2010. Os estudantes, que eram 140 mil em 2003, hoje são 348 mil. A tendência é de um crescimento ainda maior, já que nem todas as escolas completaram todo o ciclo de funcionamento.

Os recursos do Ministério da Educação destinados à educação profissional também cresceram, passando de R$ 1,2 bilhão para R$ 4,9 bilhões, no mesmo período. O investimento total para a construção das novas escolas técnicas federais deve chegar a R$ 1,1 bilhão. Até o momento, foram executados R$ 941 milhões em infraestrutura, mobiliário e equipamentos. Nas 30 escolas que serão entregues nesta segunda-feira, já foram aplicados R$ 139 milhões. Dessas, 18 estão funcionando e as outras 12 começam a receber alunos no início do ano letivo de 2011. O número de estudantes matriculados nessas 18 escolas é de 4.165 mil.

Novas Universidades

Por meio do programa de expansão da rede federal de educação superior, foram criadas 14 novas universidades federais desde 2003, sendo dez voltadas à interiorização do ensino superior público e outras quatro – da Fronteira Sul, do Oeste do Pará, da Integração Latino-americana e da Integração Luso-afro-brasileira – planejadas para a integração regional e internacional.

Com o programa de expansão, as universidades federais dobraram a oferta de vagas que eram de 109,2 mil em 2003 e chegaram a 222,4 mil em 2010. Para atender o novo contingente de estudantes, as instituições puderam contratar professores e técnicos-administrativos. Com isso, o conjunto das universidades, que contava com 40.823 professores e 85 mil técnicos em 2003, conta hoje com 63.112 professores e 105 mil servidores.

As condições para que as universidades conduzissem seu processo de expansão foram dadas com o incremento do orçamento das unidades, já que os recursos para custeio e investimento passaram de R$ 6,7 bilhões, em 2003, para R$ 19,7 bilhões, em 2010. Além do acesso, as universidades também puderam ampliar suas ações voltadas à permanência dos estudantes. Os recursos do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), criado em 2007, saltaram de R$ 125 milhões, em 2008, para R$ 304 milhões, em 2010. É por meio do programa, que as universidades desenvolvem seus programas de assistência financiando itens como saúde, transporte, moradia e alimentação para seus estudantes.

Edição e adptação: Pedro Botelho